domingo, 4 de janeiro de 2015

Dia 18

É ridícula a capacidade que nós temos de aconselhar os outros para que sigam o melhor caminho, contudo nós não somos capazes de seguir os nossos próprios conselhos.
Hoje a tânia esteve cá em casa ... A tânia que tem menos 3 anos que eu foi quem, hoje, conseguiu por uma nova perspetiva à frente dos meus olhos: 
"Já nem falo no facto de nós termos saúde, mas olha aquilo que os nossos pais fazem por nós. Repara no quanto eles nos facilitam a vida e nos proporcionam o melhor dentro das suas possibilidades"
Hoje levantei-me eram 5h39 e não consegui dormir mais.
Aquele calor que me percorre o corpo todo voltou a assombrar-me e eu não resisti em ir para a sala.
A minha mãe já estava acordada, e preocupada como sempre seguiu-me e esteve comigo até eu chorar, parar de chorar, e adormecer no cansaço que fazia os meus olhos pesarem.
Estar doente também não ajuda a este estado lastimável em que me encontro. E a verdade é que só me obriga cada vez mais a pensar no que é que eu quero fazer daqui para a frente.
Eu obrigo-me a acreditar que sei o que quero, porque sei o que quero. Mas não consigo ganhar forças para lutar por isso.
O hospital deixou de ser um objetivo e passou a ser um medo que me consome de uma ponta à outra.
O que é que eu ganho em desistir? O que é que eu ganho em continuar?
Quanto tempo mais é que isto vai durar? Quanto tempo mais é que vai ser preciso até eu voltar ao normal?
Perguntas sem resposta que vagueiam na minha mente e me lixam a felicidade.
Quando a missa acabou "agarrei-me" ao Santíssimo.
Implorei-lhe, com a cara lavada em lágrimas que me ajude, me guie e me dê um sinal de que "No fim tudo vai ficar bem". E a verdade é que eu tenho esperança de que no fim tudo vá ficar bem, mas custa-me ver-me a cair aos poucos. E as quedas cada vez parecem mais altas.
As imagens na TV e na internet só me mostram que há sempre alguém pior do que eu, e nem a isso eu sou capaz de me agarrar para subir a corda que me é lançada todos os dias, por tantos que me querem puxar e levantar.
Nunca nos foi prometida a facilidade, mas sim a felicidade. Mas será que é suposto ser tão difícil encontrar a felicidade?
São 23h09 e eu só quero que a minha mãe caia no sono e adormeça em graça e em paz. Ao contrário de mim ela tem um longo dia pela frente amanhã, e  não tem medo de o enfrentar.
Só Deus sabe o que ela não sofre em silêncio para tentar suportar a minha dor.
Se ao menos ela soubesse o quanto me custa ter de ser tão frágil à frente dela e vê-la carregar uma cruz mais dolorosa do que a que ela já carrega.
Quem dera poder acordar e ver que isto não passou só de um pesadelo ...