domingo, 1 de março de 2015

Dia 72

Consigo olhar para trás e perceber que quando não temos confiança duvidamos de tudo! Até da nossa própria existência.
Os dias têm passado de forma mais fácil a partir do momento em que me comecei a aceitar como sou. Não só como condição biológica, mas como condição psicológica. Eu sou assim. E nunca devia ter deixado que alguém me tentasse mudar.
Consigo olhar para trás e perceber que não foi só uma questão que me levou ao fundo. Foram várias situações, das quais eu não me apercebi (ou não quis aperceber), mas que a pouco e pouco me foram mudando e foram levando pedacinhos de mim. Um de cada vez.
Acontece que eu deixei. E mereço até culpa por ter permitido que tal acontecesse.
Isto leva-me a crer que mais uma vez tu pensaste demasiado sobre as coisas ... Até mesmo em coisas mínimas que é suposto acontecerem naturalmente, tu não deixas. Tu pensas e organiza-las demasiado de modo a que elas aconteçam de determinada forma. Tens de deixar de fazer isso.
Consigo olhar para trás e perceber que estas palavras foram como uma regra pela qual eu me segui para "viver de forma diferente". Porque a dada altura eu achei que eu tinha de ser diferente, tinha de me transformar para poder ser "aceite".
Ridícula. Ridícula esta cabeça que sempre disse "não deves mudar por ninguém" e um dia deixou-se mudar só porque sim.
Não há como voltar atrás, é verdade. Mas ao olhar para trás, consigo ver os meus erros e perceber o quanto eles me podem ensinar daqui para a frente.
Eu não quero ser a pessoa de que todos gostam. Eu quero ser a pessoa que mais gosta de mim, e que mais orgulho tem naquilo que é. Quero que as pessoas gostem de mim pelo que sou, sem ter de fingir sorrisos só para lhes agradar.
Hoje consigo ver isso. Consigo perceber que depois de tanto tempo a acreditar que as coisas podem mudar, sou eu que com a minha vontade, faço por mudá-las e me esforço por agarrar cada pedacinho meu que perdi e juntá-lo ao que resta. Posso não conseguir apanhar todos, mas não vou desistir de voltar a ser quem era. De voltar a ser quem sou.
Não posso voltar a trás, mas também ....
A minha felicidade não depende disso.